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Osteoporose em Mulheres e Homens

O osso é uma célula viva que esta em constante formação e reabsorção durante a vida, que se renova a cada 3 meses, conforme vemos no esquema abaixo:



A osteoporose é a principal doença ósseo metabólica da espécie humana e na atualidade um dos mais importantes problemas de saúde pública. Sua definição pela OMS (organização mundial de saúde) é: “Doença esquelética sistêmica caracterizada pela diminuição da massa óssea e deterioração da micro arquitetura do tecido ósseo com conseqüente aumento a fragilidade e susceptibilidade à fratura”. A definição da OMS é baseado em dados epidemiológicos que correlacionam a incidência da fratura à densidade mineral óssea. O risco de fratura é inversamente proporcional a densidade óssea. A queda de um desvio padrão aumenta o risco em 1,5-3,0 vezes. Na faixa etária dos 40-80 anos, a cada década o risco de fraturas por osteoporose dobra.
Sendo assim, a força do osso = quantidade do osso (DMO) + qualidade do osso (micro arquitetura).


Acomete mulheres, homens e inclusive crianças.

O pico de massa óssea ocorre entre os 18 e 20 anos, começa declinar 0.3-0.5% após 40 anos. Após a menopausa a perda aumenta para 1-5%/ano. A perda total após o pico é de 30-40% nas mulheres e 20-30% nos homens.
Os principais determinantes para o pico de massa óssea são:

  1. Hereditariedade: 46-62% (genes que alteram os receptores de vitamina D, receptores de estrógeno e que regulam o ciclo de remodelação óssea);
  2. Nutricionais: ingestão de cálcio;
  3. Exercícios físicos contra resistência;
  4. Endócrinos: hormônios sexuais.
Epidemiologia
  • 10 milhões EUA – Osteoporose;
  • 14 milhões EUA – Osteopenia;
  • 1/4 das mulheres > 50 anos tem OP X 1/8 dos homens > 50 anos tem osteoporose;
  • A proporção de fraturas em mulheres e homens é:
    • Fraturas vertebrais 7:1;
    • Quadril 2:1;
    • Punho: 1,3:1.
  • 37.500 pessoas morrem por complicação de osteoporose;
  • Risco de morrer de fratura do quadril = mortalidade de Câncer de Mama.
Fratura vertebral

Promove uma mortalidade maior que a esperada para população normal; Kado, et al em acompanharam 9575 mulheres com idade > 65 anos, por 8 anos e avaliaram o índice de mortalidade: 19/1000 morrem, ao passo que mulheres que apresentam 5 ou mais fraturas o índice aumenta para 44/1000. A presença de uma fratura aumenta em 4 vezes o risco de ter outra das quais 20% ocorrem no primeiro ano.

Fratura do quadril

1 em cada 6 mulheres ao longo da vida terá uma fratura do quadril ao passo que 1 em cada 9 terá câncer de mama. A fratura do quadril é responsável por 7 milhões de dias perdidos de trabalho/ano, mortalidade de 20% no primeiro ano e 50% nunca se recuperam completamente. As mortes ocorrem logo após a fratura ou nos primeiros 6 meses, em geral associadas a outras condições médicas, como a trombose venosa profunda, embolia pulmonar, pneumonia e infecções do trato urinário. O risco estimado de mulheres e homens desenvolverem fraturas durante a sua vida depende da região acometida. A estimativa de fraturas em mulheres brancas acima de 50 anos é de 17,5% no fêmur, 15,6% nas vértebras, 16% no antebraço e 39,7 % qualquer fratura. Ao passo que nos homens; 6% no fêmur, 5.0% nas vértebras, 2,5% no antebraço e 13% qualquer fratura.

A estimativa de fraturas em mulheres norte-americanas:

  • 1990: 200.000
  • 2025: 469.000
  • 2050: > 500.000


O gráfico acima mostra a incidência de fraturas por osteoporose quando comparadas ao infarto do miocárdio, derrame cerebral e câncer de mama. Podemos notar que 1,5 milhões de americanos sofrem fraturas por osteoporose, sendo 300.000 no quadril, 700.000 na coluna, 250.000 no punho e 300.000 em qualquer lugar ao passo que infarto do miocárdio em 565.000, derrame cerebral em 700.000 e câncer de mama em 211.240.

As fraturas são responsáveis por conseqüências indesejáveis como: mortalidade, dependência, cuidados de longo prazo, dor, utilização de medicações, despesas com cirurgias e hospitalização, custos financeiros diretos e indiretos, perda de produtividade, incapacidade laborativa, incapacidade funcional, diminuição da qualidade de vida, perda da independência, medo e depressão. A conseqüência decorrente das fraturas do ponto de vista social deve-se a uma incapacidade funcional crônica, com prejuízo da qualidade de vida, gerando uma dependência parcial ou total para as atividade diárias (6,7% dos casos) e admissão precoce a casas de repouso em 7,8%. A destacar que a fratura de quadril é responsável por 30% das incapacidades para a vida.


Temos 2 tipos de Osteoporose:

  • Primária - Tipo 1 e Tipo 2
  • Secundária
A Osteoporose tipo 1 ocorre na pós menopausa, em mulheres entre 50-60 anos, temos um aumento da formação e reabsorção óssea decorrente da redução de estrógeno. A perda de massa óssea é acelerada, em torno de 3-5% ao ano levando a fraturas da coluna, colo fêmur e punho.

A Osteoporose tipo 2 acomete mulheres após os 70 anos, temos uma redução na formação e reabsorção óssea, logo a perda óssea é lenta e as principais fraturas são da coluna, trocanter ou qualquer osso.

Já a osteoporose secundária ocorre em decorrência a alguma doença, ingestão de medicamentos ou alguns hábitos de vida. Dentre algumas doenças que podem causar a osteoporose temos a diabetes, anorexia nervosa, doenças da tireóide, doenças da paratireóide, artrite reumatóide, deficiência de vitamina D, entre outras. Alguns medicamentos como o uso de corticóides, heparina, anticonvulsivantes bem como hormônios tireoideanos que também são encontrados em algumas fórmulas de emagrecer são responsáveis pelo aparecimento da osteoporose. O estilo de vida com ingesta de álcool, excesso de café, tabagismo, imobilização prolongada, ingesta protéica excessiva e baixa ingesta de cálcio e vitamina D também colaboram para o aparecimento da Osteoporose. 


Os principais fatores de risco para o aparecimento da Osteoporose são:

Características Gerais:

  • Hereditariedade
  • Menarca tardia
  • Raça branca ou oriental
  • Baixa estatura
  • Baixo peso
  • Idade acima de 50 anos
  • Menopausa precoce
  • Baixa de testosterona, nos homens
  • Baixa exposição solar
Hábitos Alimentares:
  • Baixa ingestão de cálcio
  • Alta ingestão de proteínas animais
  • Alta ingestão de sódio
  • Alta ingestão de café
Utilização de Drogas:
  • Corticóides
  • Diuréticos de alça
  • Anticonvulsivantes
  • Hormônios da tireóide - podendo estar presentes nas fórmulas de emagrecer
  • Antiácidos
Estilo de Vida:
  • Uso excessivo de bebidas alcoólicas
  • Tabagismo
  • Vida sedentária
O diagnóstico da osteoporose se faz através de história clínica e exame físico, avaliação dos fatores de risco e causas secundárias, avaliação dos fatores de risco para quedas (uso de medicamentos, doenças neurológicas), exames laboratoriais que avaliam o perfil do metabolismo ósseo. Entretanto a densitometria óssea é o exame gold standart para investigação de osteoporose. Seu resultado é em g/cm², comparando sexo ao adulto jovem (T-score) e idade controle (Z-score). A alteração de 1 desvio padrão do T-score significa perda de 0.06 g/cm², ou seja, 10% densidade mineral óssea, ou seja, a cada declínio de desvio padrão do T-score, aumenta o risco de fratura em 1.3-2.5.

No exame físico encontramos uma redução da altura da pessoa, acentuação da cifose da coluna dorsal (corcunda da viúva), retificação da lordose da coluna lombar, alteração do diâmetro da caixa torácica (predispondo a infecções respiratórias), alteração da cavidade abdominal (favorecendo a obstipação crônica), dificuldades respiratórias e perda de mobilidades levando ao aumento da depressão que leva a piora da dor associada à deformidade.




Prevenção:
Deve ser feita desde a infância com a ingesta adequada de cálcio, evitar a subnutrição ou desnutrição, manter a ingesta adequada de vitamina D, manter exposição de sol, participar de atividades físicas regulares, evitarem o fumo, e educar sobre os riscos do consumo exagerado de álcool.

Tratamento:
O tratamento farmacológico e não farmacológico são extremamente importantes.
Tratamento não farmacológico inclui:

  • Exercícios contra resistência:
    • aumentam 1-3% DMO (densidade mineral óssea);
    • aumentam DMO em jovens;
    • mantem DMO em adultos;
    • previnem a perda óssea e quedas, no idoso;
    • nos fraturados melhora a força muscular, mobilidade e melhoram a qualidade de vida.
  • Ingestão adequada de cálcio;
  • Ingestão adequada de vitamina D. Esta é importante na fixação do cálcio nos ossos bem como melhora do sistema neuro-muscular em pacientes idosos, reduzindo em 22% os riscos de quedas;
  • Cessação do tabagismo;
  • Controle da ingesta de bebidas alcoólicas;
  • Exposição solar.
Tratamento farmacológico:

Temos várias classes de medicamentos para tratar a Osteoporose. O tratamento deve ser individualizado de acordo com a avaliação médica.
As principais classes de medicamentos são:

  • Antireabsortivos: agem nos osteoclastos (células que reabsorvem o osso) inibindo a sua ação. Existem de utilização via oral e endovenoso. Novos medicamentos foram lançados tanto de utilização mensal e até anual;
  • Estimuladores de formação: agem nos osteoblastos (células que formam osso) estimulando sua ação;
  • Antireabsortivos e de formação óssea: agem tanto nos osteoclastos como nos osteoblastos;
  • Medicamentos biológicos: agem nas substâncias responsáveis pela formação, função e sobrevida do osteoclastos, sendo assim, diminuem a ação dos osteoclastos. Estas classes de medicamentos encontram-se em estudos e seus resultados são promissores.
A escolha do medicamento adequado deve ser discutido com seu médico visando à melhor opção terapêutica para osteoporose, pesando seus custos, benefícios e efeitos colaterais.

Tratamento das fraturas vertebrais:

  • Prevalência de fraturas vertebrais em mulheres > 50 anos: 26%;
  • Prevalência de fraturas vertebrais em homens > 50 anos: 5.0%;
  • Prevalência de fraturas em mulheres > 80 anos: 40%;
  • 84% das fraturas são associadas à dor;
  • Cura da dor: 4-6 semanas;
  • Além dos tratamentos convencionais com repouso e analgésicos, novas técnicas vêm sendo utilizadas para o tratamento das fraturas vertebrais;
  • Vertebroplastia e cifoplastia.

A foto acima mostra as fraturas vertebrais

Vertebroplastia e Cifoplastia

  • Novas técnicas para tratar a fratura vertebral compressiva;
  • Vertebroplastia: injeção de polimetil metacrilato (cimento) no corpo vertebral;
  • Cifoplastia: colocação de um balão no corpo vertebral seguido de insuflação, criação de um espaço virtual e injeção do cimento;
  • Realizados com técnicas percutâneas;
  • Agem pela estabilização da fratura;
  • Indicados na fratura álgica por osteoporose bem como fraturas por neoplasias;
  • Riscos são raros, mas podem ocorrer;
  • Riscos/Benefícios: favoráveis;
  • Trabalhos mostram redução intensa da dor nos pacientes submetidos a estas técnicas;
  • Suas indicações e contra-indicações devem ser discutidas com seu médico.
Conclusão

A osteoporose, principal doença ósseo metabólica da espécie humana, acomete mulheres, homens e inclusive crianças e é caracterizada por uma redução do volume e da qualidade óssea com deterioração de sua micro arquitetura. Como conseqüência ocorre um aumento da fragilidade dos ossos, podendo gerar fraturas, que de acordo com sua localização pode levar a conseqüências imprevisíveis. Com o aumento da expectativa de vida da população, a sua incidência certamente será crescente.

A osteoporose, adequadamente identificada pelo médico, pode ser prevenida. Entretanto quando sintomática pode ser extremamente dolorosa, desfigurante, incapacitante, podendo levar o indivíduo à morte.
 

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