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O que é Periartrites e Bursites

O aparelho ósteo-articular 

tem no movimento sua função primordial independente da região que consideramos e para que o mesmo ocorra é necessário a integração sincrônica de um conjunto composto por ossos, grupos musculares, ligamentos e cápsula articular.

São consideradas estruturas periarticulares os tendões (estruturas fazem a inserção dos músculos no osso), as bursas (bolsas que fazem a proteção entre eminências ósseas e tendões ou ligamentos) e os ligamentos (estruturas fibro-elásticas que ajudam a estabilizar uma articulação), os quais permitem uma boa sustentação e estabilidade á articulação.

Nas atividades da vida diária, com maior ou menor sobrecarga, este complexo sistema é constantemente mobilizado, podendo ocorrer distúrbios geralmente de causa muitifatorial, promovendo o comprometimento de sua função em maior ou menor grau. Desta forma, podem ocorrer tendinites e bursites (processos inflamatórios dos tendões e bursas) assim como as lesões ligamentares.


Fasceíte Plantar

A fascia plantar é uma densa camada fibrosa de tecido conectivo localizado ao longo da região plantar dos pés, se inserindo no calcâneo. Quando ocorre inflamação desta, é denominada fasceíte plantar (FP), sendo uma das causas mais comuns de dor no calcanhar. Nos EUA corresponde a 15% das consultas por dor nos pés.


A FP não tem uma causa claramente entendida, sendo provavelmente de natureza multifatorial. O ganho de peso, atividade ocupacional, variações de anatomia, falha biomecânica, sobrecarga, e calçado inadequado são fatores que com certeza contribuem para seu desenvolvimento.

A manifestação clássica da FP é a dor na sola do pé na região inferior do calcanhar e geralmente unilateral. A dor tende a ser pior nos primeiros passos pela manhã ou depois de um tempo prolongado de atividades de descarga de peso. Após alguns passos e durante o curso do dia a dor diminui, mas pode retorna com atividade intensa. Eventualmente a FP pode ser bilateral, e quando persistente pode estar relacionada com o desenvolvimento de outras doenças reumáticas inflamatórias, como por exemplo, as artropatias soronegativas.

O diagnóstico da FP é feito com base na história clínica e exame físico. A ultrassonografia é uma ferramenta útil embora muitas vezes desnecessária na avaliação inicial; a ressonância magnética tem seu lugar em determinadas fases evolutivas.

A maioria dos especialistas concorda que o reconhecimento precoce da FP leva a diminuição no tempo do tratamento e aumenta a probabilidade de sucesso terapêutico. Entre as opções de tratamento uma das mais efetivas é o descanso e evitar atividades de sobrecarga bem como, alongamento, exercícios de força, órteses e suporte do arco plantar. Outras considerações incluem o uso de antiinflamatórios e terapia de onda de choque.

Bursite Trocantérica


Em muitas áreas do nosso corpo, músculos e tendões deslizam um contra o outro durante os movimentos. Nestes locais geralmente existe entreposta, uma bolsa com liquido lubrificante que auxilia estas estruturas a se moverem, diminuindo o atrito e facilitando sua ação. Um desses locais é o quadril.



A bursa ou bolsa trocanterica está localizada em uma proeminência óssea no lado de fora do quadril.

Eventualmente essas bolsas ou bursas podem sofrer maior fricção desencadeando um processo inflamatório localizado denominado bursite. O que pode ocorrer por maior sobrecarga, trauma ou mesmo espontaneamente.

O quadro clinico da bursite trocantérica em geral se apresenta com dor no lado de fora do quadril e pode irradiar pela face lateral da coxa. A dor aumenta quando o paciente deita sobre o lado afetado, subir escadas ou ainda ao se levantar de uma cadeira mais baixa. Mulheres de meia idade ou idosas são mais comumente afetadas.

Existem várias opções terapêuticas, como infiltração com corticoesteróide de depósito ou uso de antiinflamatórios não hormonais por via oral ou tópicos, e fisioterapia. Na maioria das vezes essas opções tem boa resolução.


Epicondilites

  • Epicondilite Lateral (cotovelo de tenista)
  • Epicondilite Medial (cotovelo de golfista)
No cotovelo, na face lateral e medial existem proeminências ósseas denominadas epicôndilos, respectivamente lateral e medias, nestes se inserem os tendões da musculatura do antebraço.



Quando ocorre uma inflamação neste local de inserção tendínea, temos a epicondilite. Normalmente causada por movimentos repetidos que geram microrupturas dos tendões junto à sua inserção no osso.

Os sintomas são mais comuns do lado de fora do cotovelo (epicondilite lateral ou cotovelo do tenista), mas podem também acometer a região interna (epicondilite medial ou cotovelo do golfista).

A epicondilite acomete igualmente homens e mulheres, sendo mais comum na faixa etária entre 35 e 50 anos. Estão mais sujeitos à desenvolve-la aqueles indivíduos que realizam atividades repetitivas com a mão, punho ou cotovelo.

Inicialmente a dor é leve, mas tende a piorar progressivamente, podendo se irradiar para antebraço e punho. Algumas vezes a dor pode ser tão forte que o indivíduo não consegue realizar atividades habituais como segurar ou levantar objetos leves.

A epicondilite, na maioria dos casos, tem evolução satisfatória com o tratamento conservador, controle da dor e da inflamação por meio da diminuição das atividades repetitivas, crioterapia (compressas geladas), uso de antiinflamatórios não hormonais e reabilitação. Além do controle da dor, o tratamento conservador tem por objetivo a preservação da flexibilidade, da mobilidade e da força do cotovelo.


Ombro Doloroso

O ombro é uma articulação bastante especializada, devido à grande variedade de movimentos que ele é capaz de realizar. Para que estes movimentos sejam executados de forma harmônica é necessário que diversas estruturas que constituem esta articulação atuem sincronizadas. Portanto, teremos agindo em conjunto ossos (úmero, acrômio e escápula), grupos musculares, ligamentos, e cápsula articular para permitir estabilidade de movimento.

No ombro existem 5 grupos musculares (escápulo-umeral, escápulo-radial, escápulo ulnar, axio-escapulares e axio-umerais), 13 bursas (sendo a principal a subacromial/subdeltoidéia) e 4 ligamentos principais. Entre os grupos musculares destaca-se o escápulo-umeral, pois dele faz parte o manguito do rotador, um conjunto de 4 músculos e tendões (supra-espinhoso, infra-espinhoso, subescapular e redondo menor) que estabilizam o movimento do ombro.

Principais estruturas do ombro

Com as atividades da vida diária e o constante e permanente uso destas estruturas, podem ocorrer sobrecargas bem como, fatores relacionados à idade (incluindo degeneração e diminuição na vascularização dos tendões) resultando em lesão.


Quais as causas de dor no ombro?

O Ombro pode doer por motivos locais, como por exemplo, a inflamação de algum tendão muscular (tendinite) e/ou de bursas (bursites); ou então como uma manifestação de doença sistêmica.

Outra forma de dividirmos as causas de ombro doloroso é pela região comprometida: estruturas periarticulares, articulação glenoumeral (Quadro I), estruturas relacionadas ao ombro que provoquem dor irradiada, ou ainda uma doença reumática com sintomas que comprometem o ombro (Quadro II).
Quadro I

Alterações periarticulares

  • Tendinopatia manguito rotador
  • Tendinite bicipital
  • Bursite subacromial
  • Tendinite calcificada
Alterações da articulação glenoumeral
  • Capsulite adesiva
  • Artrites inflamatórias
  • Artrites sépticas
  • Osteoartrite
  • Osteonecrose
Quadro II

Alterações de estruturas próximas ao ombro

  • Radiculopatia cervical
  • Distrofia simpática reflexa
  • Síndrome do desfiladeiro torácico
  • Tumores e metástases
Outras afecções reumáticas
  • Fibromialgia
  • Cólica biliar
  • Cardiopatia isquêmica
  • Abscesso subfrênico
  • Tumor de Pancoast
  • Dor referida
Quais as periartrites mais comuns do ombro?

A síndrome do impacto ou síndrome do pinçamento é a causa mais comum de dor no ombro e, ocorre pelo pinçamento do tendão do supra-espinhal sob a região subacromial (abaixo do acrômio), nos movimentos bruscos de elevação do braço, com repetição o que acaba provocando dor. Ocorre com maior freqüência acima dos 40 anos de idade, pode ser aguda ou crônica e estar ou não associada com calcificação do tendão.

Tendinite do manguito rotador


Quando ocorre processo inflamatório de um ou mais tendões do manguito temos a tendinite, ela pode ser considerada como uma evolução da síndrome do impacto. As tendinites podem se manifestar de forma aguda ou crônica. A forma aguda tende a ocorrer em indivíduos mais jovens, apresentando dor súbita, de forte intensidade e com limitação dos movimentos do ombro. Já a forma crônica ocorre com maior freqüência em indivíduos mais velhos, têm evolução lenta, podendo ou não ocorrer períodos de agudização da dor; geralmente provoca perda funcional.

A degeneração do manguito rotador ocorre gradualmente, resultando em ruptura incompleta e eventualmente completa do tendão.

Vale ressaltar que na maioria dos casos de tendinite do supraespinhal é observada a bursite subacromial associada.

O diagnóstico é feito com base na história clínica e exame físico, exames de imagem como a ultrassonografia e a ressonância magnética.

O tratamento com antiinflamatórios não hormonais, infiltrações e fisioterapia (enfocando o fortalecimento do manguito rotador) gera bons resultados na maioria dos casos. Dependendo da extensão, gravidade e evolução a artroscopia é o melhor método para avaliação da lesão do manguito, permitindo também realizar o tratamento cirúrgico desta.


Tendinite Bicipital


O bíceps é um músculo que relaciona movimentos do cotovelo com o ombro, seu tendão é duplo (cabo longo e cabo curto), sendo que o cabo longo tem um tamanho variável em seu percurso, no sulco bicipital, o que pode levar a maior exposição.

A tendinite do bicipital é uma causa comum de dor no ombro, pode ocorrer em todas as faixas etárias, aumentando sua incidência com a idade. Com freqüência está associada à lesão do tendão do supra-espinhal.

O diagnóstico é feito através de algumas manobras específicas no exame físico e confirmado através da ultrassonografia.

O tratamento é conservador, incluindo antiinflamatórios não esteroidais e principalmente infiltração, associado à fisioterapia.

Tendinite calcárea


Na tendinopatia calcárea ocorre formação de depósitos de cálcio no interior do tendão, seja do manguito rotador como do bicipital sendo o tendão do supraespinhal o mais acometido.

A tendinopatia calcárea é assintomática na maioria dos casos, tem incidência em até 20% na população, ocorrendo com maior freqüência em mulheres entre os 30 e 60 anos.

O tratamento é sempre conservador, pois freqüentemente ocorre reabsorção dos depósitos espontaneamente. Eventualmente a terapia por ondas de choque pode ser utilizada e tem como objetivo a fragmentação dos depósitos, facilitando sua reabsorção.
 

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