Traumas emocionais são a principal causa de dores e contração vaginal que impedem a penetração do pênis na vagina
Em geral, uma relação sexual é dividida em três ciclos: desejo, excitação (estimulação via preliminares) e resolução (orgasmo). Estas fases, que geralmente ocorrem em sequência pois uma é consequência da outra, algumas vezes são impedidas de acontecer em função de um problema que cause dor ou desconforto durante o ato sexual. Entre os mais complexos destes distúrbios, encontra-se o vaginismo.
"A dispareunia (dor durante o sexo) ocorre por inúmeras causas e atinge ambos os sexos. O vaginismo é um dos tipos de dispareunia que acomete as mulheres", explica o ginecologista e obstetra Marino Pravatto Júnior. Este distúrbio equivale à perda específica de ereção nos homens.
O vaginismo se caracteriza por uma violenta contração da vagina quando se toca na vulva. Como as tentativas de relação sexual implicam, em geral, em estímulo nesta região feminina, a penetração acaba sendo impossibilitada em função da dor. As mulheres que sofrem do distúrbio sentem dores insuportáveis no ato sexual, não conseguindo chegar à finalização.
Causas psicossomáticas
O vaginismo é vezes é causado por experiências sexuais prévias traumatizantes ou mesmo por um exame interno que tenha afetado e gerado sequelas traumáticas na mulher. As causas são definidas em estudos como de ordem psicossomáticas que geram distúrbios orgânicos.
"O vaginismo é somente a ponta do iceberg de um contexto de algum trauma do passado, de alguma experiência de abuso sexual, quando muitas vezes a mulher foi vítima de pedofilia dentro até da própria família", aponta o médico.
Em função do trauma, a mulher desenvolve um mecanismo involuntário de contração da musculatura pélvica/vaginal, principalmente dos músculos elevadores do ânus. "Esta rigidez muscular ocorre por uma ação inconsciente de temor em sentir dor. A mulher fica tão contraída, e fecha a vagina com tanta força, que não consegue-se penetrar de forma alguma", descreve o dr. Pravatto Júnior.
E quanto mais se tenta a penetração, acaba acontecendo um círculo vicioso. A mulher contrai ainda mais e, assim, prejudica a relação amorosa com o parceiro. A solução é buscar ajuda terapêutica, aliada de especialista em ginecologia.
Tratamento do vaginismo
Não existe tratamento cirúrgico para este distúrbio sexual. O processo de cura é lento e delicado, pois consiste sempre em acompanhamento psicoterápico, junto com o trabalho de um médico ginecologista para cuidar da anatomia e da fisiologia.
A técnica principal usada na cura do vaginismo é a da dessensibilização. O médico ginecologista vai colocar a mulher em diversas posições e ir , aos poucos, estimulando a região vaginal.
É muito comum também a utilização de cremes locais para manipular na região do períneo. O método é para tentar liberar o movimento de contração do músculo pélvico, levando a mulher a retomar a sua consciência corporal.
"O médico utiliza várias técnicas. Pode ir introduzindo cotonete lubrificado para a mulher ir percebendo a distensão da vulva e da vagina. Exercícios de respiração também são feitos para ela relaxar e perceber a capacidade de elasticidade da vagina. A mulher precisa ganhar confiança de que não sofrerá mais com a penetração", orienta o especialista.
Relações sexuais
E o tempo do tratamento depende do histórico da paciente, mas ela não fica condenada a não ter relações. A mulher, após o tratamento, desenvolve todas as condições para experimentar uma relação sexual normal.
Mesmo durante o tratamento, as mulheres não precisam suspender as atividades sexuais. A estimulação do clitóris e também do bico dos seios pode levar ao orgasmo feminino. Alguns estudos indicam, inclusive, que o estímulo sexual durante o tratamento pode acelerar a cura do vaginismo.
Comentários
Postar um comentário